quarta-feira, 25 de julho de 2007

Sobre leite e doping

Agora é oficial: leite e carne são considerados uma forma de doping. Sim, porque se saiu na imprensa, deve ser oficial. Esta semana, no jornal, li uma reportagem sobre complementos alimentares utilizados por quem frequenta academia. O que começou com uma breve discussão sobre a necessidade ou não de se tomar complementos alimentares como proteína em pó, glutamina, ou creatina, terminou com várias declarações dando a entender que complementos alimentares eram uma forma de doping. Como se isso não bastasse, a reportagem era seguida por depoimentos de pessoas comuns, escolhidas sabe-se lá como, sobre a reportagem. O depoimento mais interessante dizia "Um amigo meu tomava proteína e isso o deixava muito agressivo." Sim, provavelmente o amigo dele tomava proteína na mesma época em que pertencia a uma gangue, praticava jiu-jitsu e vale-tudo, e trabalhava como segurança em baile funk, mas a culpa é obviamente da proteína. Depois ainda me perguntam porque eu não dou muito crédito à mídia...

Proteínas, assim como carboidratos e gorduras, são nutrientes encontrados em praticamente todos os alimentos. Todas as pessoas supostamente aprendem isso durante o ensino fundamental, junto com a idéia de alimentos construtores, energéticos, e reguladores, ricos em nutrientes diferentes e usados para compor uma alimentação equilibrada. O que acontece é que boa parte da população acaba por esquecer essas coisas ao longo da vida e acha que uma alimentação equilibrada é qualquer mistura de comida com mais de 5 cores. O fato é que na atual era fast-food é muito difícil manter uma alimentação realmente equilibrada, e atletas precisam usar produtos como proteína em pó, vitamina em cápsula, e bebidas energéticas, para compensar a falta dos nutrientes necessários para se ter um bom rendimento. Mas isso está longe de ser doping, ouviu repórter imbecil? Você pode, por exemplo, trocar a proteína em pó por um prato a base de filé de peixe frito a seco. Porém, dado que atletas devem se alimentar com maior frequência, é mais fácil fazer um milk shake com proteína em pó, ou comer uma barra de proteínas, do que sair de casa com 4 marmitas prontas para comer ao longo do dia. Além do quê, tenho náusea só em pensar na última marmita do dia.

Na prática, ninguém precisa saber dessas coisas se não for um atleta, um nutricionista, ou um curioso. Por sinal, já escutei várias pessoas, graduadas e pós-graduadas, associarem proteína em pó com doping. Como um amigo que não sabia a diferença entre boate e bordel, é muito fácil falar bobagem sobre coisas que não conhecemos. Todos fazemos isso uma vez ou outra. O que eu não aceito muito bem é a mídia se prestar a publicar qualquer besteira sem a verificação de um especialista no assunto. Se por natureza já é difícil guardarmos o que aprendemos 20 ou 30 anos atrás, com essa ajuda da mídia então, as coisas ficam ainda mais complicadas. Eu fico de cabelos em pé quando vejo reportagens sobre computação, que é a minha especialidade, e só imagino o grau das besteiras anunciadas na mídia em outros domínios. Agora, uma reportagem que associa proteína com doping me faz pensar nas besteiras ditas em outras reportagens de caráter, digamos, mais fundamental.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Blog blog blog

Depois de anos protelando, resolvi criar um blog. A minha idéia é usar esse espaço para falar principalmente sobre coisas engraçadas e exorbitantes da minha vida ou do meu país natal. Espero que a experiência dê certo. Senão, que pelo menos eu me divirta escrevendo.

Até breve,
Rodrigo